Antigamente conhecida como dermolipectomia abdominal, a cirurgia plástica do abdomen evoluiu consideravelmente nos últimos anos incorporando uma série de procedimentos que envolvem uma ampla abordagem das várias estruturas anatômicas e não apenas a retirada de um fuso de pele e gordura infraumbilical.
Cada caso deverá ser analisado em particular para se estabelecer as prioridades no tratamento bem como a programação cirúrgica. Geralmente, devido a ação da gravidez ou mesmo de variações de peso corporal, o(a) paciente pode apresentar flacidez cutânea, excesso de gordura e flacidez muscular da região abdominal. Cada uma dessas alterações deverá ser abordada pela técnica que apresente os melhores resultados.
A lipoaspiração no abdomen está indicada quando existe acúmulo de gordura localizada, e uma boa qualidade da pele, sem muito excesso ou flacidez onde a retração cutânea pós-operatória poderá ser suficiente para evitar maior flacidez residual. Já nos casos onde notamos previamente uma flacidez cutânea e/ou muscular, está indicado a ressecção de pele e plicatura dos músculos retos abdominais, para correção dessas condições. Atualmente a cirurgia na região abdominal mais realizada é a lipoabdomnoplastia, técnica que envolve a lipoaspiração ampliada que inclui aspiração na região dorsal da paciente, refazendo a cintura, deixando a região glútea mais pronunciada, removendo a gordura localizada sobre a área do estômago. Terminando a lipoaspiração, inicia-se a retirada de uma quantidade grande de pele infraumbilical, a fim de promover um abdome mais definido e um contorno corporal mais equilibrado.
Como em todo procedimento médico, existem riscos e limitações que deverão ser amplamente discutidos previamente na consulta, para que você possa ter uma visão consciente e realista dos possíveis resultados.
Abordaremos alguns fatores importantes a serem discutidos na consulta.
1. Qual a idade ideal para operar o abdomen?
Não existe uma idade ideal, mas sim, a oportunidade ideal que é determinada pelo aparecimento dos defeitos a serem corrigidos. Pacientes mais jovens e que ainda não tiveram filhos, geralmente apresentam uma condição de pele e musculatura mais preservada. Por outro lado, as pacientes que já passaram pela gravidez uma ou mais vezes, costumam apresentar graus de flacidez de tecidos que dificilmente será corrigida com outra técnica que não a lipoabdomnoplastia. Conhecidos estes parâmetros gerais, cada caso deverá ser analisado em particular para se estabelecer o melhor cronograma para a cirurgia e demais tratamentos.
2. As cicatrizes são visíveis? Onde se localizam?
As cicatrizes da plástica abdominal se localizam em volta do umbigo e na linha baixa próxima à implantação dos pelos pubianos. Ao redor o umbigo, a cicatriz costuma ser igual para os diversos casos ao passo que a inferiormente ela deverá variar de acordo com os excessos a serem retirados, ou seja, depende do tamanho e flacidez abdominal. Geralmente, a cicatriz baixa é a mesma da cesariana estendendo-se lateralmente além das espinhas ilíacas dos dois lados. Atualmente as mulheres que se submetem a lipoabdomnoplastia, aceitam melhor o tamanho aumentado da cicatriz, pelo ganho estético acentuado em toda parte anterior e posterior do tronco corporal. Todos os esforços serão feitos no sentido de produzir uma cicatriz o mais imperceptível possível. Além da sutura adequada com pontos absorvíveis, não sendo necessário sua retirada. Algumas manobras serão utilizadas na evolução da cicatriz, como a compressão por micropore, gel de silicone, massageamento com creme manipulado, infiltração local, betaterapia e nos casos onde existe hipertrofia ou outros distúrbios da cicatrização, uma retirada da cicatriz e resutura após o quinto mês quando já se encontra finalizado o processo de maturação da cicatriz. O importante é acompanhar os retornos e seguir as orientações, tendo sempre em mente que a cicatriz somente vai estar completamente madura de 6 a 18 meses após a cirurgia. Você deverá discutir detalhadamente essa questão com seu médico.
3. Qual o tempo cirúrgico e o tipo de anestesia?
Todo o procedimento leva em torno de 2 a 3 horas, dependendo extensão da programação cirúrgica e na maioria dos casos é realizado sob bloqueio anestésico peridural, com uma sedação prévia realizada pelo anestesiologista. A anestesia geral fica reservada para casos selecionados onde se realiza algum tipo de associação com outras cirurgias.
4. O que acontece no período pós-operatório?
Os pacientes raramente se queixam de dor neste procedimento, embora não possamos garantir tal evolução, uma vez que o limiar de dor pode variar significativamente de uma pessoa para a outra. Caso exista algum desconforto, as medicações convencionais são suficientes para resolver o problema, sempre com o devido conhecimento e prescrição do médico.
O inchaço costuma ser intenso nos primeiros dias, quando o repouso é fundamental. Manchas vermelhas ou arroxeadas podem se instalar nas áreas descoladas por uma a duas semanas. Somente os pontos do umbigo precisarão ser retirados, por volta do 7° dia. A sutura inferior é realizada com fio absorvível e não precisa ser retirada. Um dreno é mantido de 5 a 7 dias no pós-operatório e a paciente vai de alta com ele. Em casa, o dreno deverá ser esvaziado diariamente. Os curativos serão agendados pelo médico e a melhora do edema costuma acontecer até o primeiro mês, após a qual haverá ainda um inchaço residual e discreto que poderá persistir por alguns meses, sem impedir que o(a) paciente tenha as suas atividades sociais cotidianas. A cinta compressiva abdominal deverá ser usada por 3 meses. Os esforços físicos devem ser evitados neste período inicial, bem como a exposição ao sol.
5. Qual o tempo de internação e que tipo de curativo é realizado?
Normalmente o tempo de internação é de 24hs. A alta costuma se dar no dia seguinte, logo pela manhã. O curativo é bastante simples por sobre o umbigo e a incisão inferior, existido ainda uma proteção para o dreno. Nas primeiras duas semanas, a paciente deverá andar curvada para não estender a região operada. Esta postura vai sendo liberada gradativamente, à medida que a recuperação se estabelece até o 14° dia.
6. Quando terei o resultado definitivo?
Normalmente após 6 meses, pois já não mais haverá inchaço residual. Entretanto, logo após o primeiro mês já teremos uma grande redução do edema com o aspecto desejado de um abdome mais bonito. As cicatrizes, por sua vez, deverão passar por todas as fases de maturação até que se atinja o resultado esperado, dentro de 6 a 18 meses. Conforme mencionada numa questão anterior, durante este período, algumas manobras poderão ser adotadas nos retornos, a fim de se otimizar o processo de maturação cicatricial.
7. Quantos quilos vou perder qual será o meu manequim?
Este é um dado matemático que ninguém poderá precisar, uma vez que a ciência médica não é exata. Esse tipo de tratamento é indicado para as pessoas que querem melhorar sua silhueta corporal e melhorar o aspecto do seu abdomen. As pessoas que quiserem perder peso, o regime alimentar ainda é a melhor escolha. É certo que haverá perda de peso pequena, porém o grande resultado virá devido a diminuição das medidas do seu manequim. Por isso é que se diz que é uma cirurgia de perda de medidas e não de perda de peso. Quanto ao resultado, não se pode dar garantias numéricas. Este é um assunto importante que deve ser bastante bem compreendido durante a consulta.
8. Afinal, o resultado compensa?
Se você está ciente do que deseja e o cirurgião puder lhe propiciar aquilo que você pediu, sem dúvida compensa. As fotografias de pré e pós-operatório poderão comprovar a grande melhoria do contorno corporal. Entretanto, é importante levar em consideração o fato de que a plástica abdominal isoladamente não proporciona tudo aquilo que é possível atingir no contorno corporal. Muitas pacientes poderão se beneficiar ainda por lipoaspirações associadas e ainda terapias estéticas com aparelhos especializados em reduzir medidas e melhorar a qualidade da pele.
Outras informações poderão ser encontradas no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica www.cirurgiaplastica.org.br